Pesquisa realizada no HUB reforça o uso de ibogaína no tratamento de dependência química

jun 13 • Notícias • 5467 Views • Comentários desativados em Pesquisa realizada no HUB reforça o uso de ibogaína no tratamento de dependência química

Durante uma supervisão de atendimento a pacientes dependentes químicos no Serviço de Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas (Sead), do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Maria Célia Brangioni e Deborah de Azevedo tiveram a ideia de elaborar um estudo a partir da discussão sobre o uso da substância ibogaína no tratamento da dependência química.

O estudo, que tem como tema principal o uso da ibogaína no tratamento de pessoas com dependência química, possibilitou que elas conquistassem a primeira colocação na categoria pôster da quinta edição do Congresso Internacional da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas, com o trabalho “Uso da ibogaína no tratamento da dependência química”.

No Brasil, o estudo realizado pelas especialistas é uma das mais recentes e importantes pesquisas envolvendo a ibogaína. Maria Célia é psiquiatra do Serviço de Estudos e Atenção a Usuários de Álcool e outras Drogas (Sead/HUB) e Deborah Thomaz Duarte de Azevedo é residente em Psiquiatria do HUB.

A ibogaína é um alcalóide de ocorrência natural encontrado na casca da raiz do arbusto africano Tabernanthe. É tradicionalmente usada em baixas doses por tribos do oeste africano no combate à fadiga, fome e sede, e em altas doses como sacramento em rituais religiosos. A primeira observação do potencial terapêutico da ibogaína na dependência química ocorreu em 1962, quando um grupo de usuários de drogas fez uso recreativo da substância. Aqueles que eram dependentes de heroína apresentaram resolução dos sintomas de abstinência após a ingestão da ibogaína.

Segundo Maria Célia, responsável pela pesquisa, a ideia do estudo surgiu durante o período em que Deborah Azevedo esteve em atividade no Sead/HUB. “Ela trouxe o interesse pela substância e o tema foi desenvolvido ao longo de aproximadamente seis meses. O trabalho culminou com a apresentação do pôster premiado na quinta edição do Congresso Internacional da Abramd”.

Maria Célia explica que para o desenvolvimento do estudo foi necessário revisar e analisar a bibliografia existente em sites específicos de busca sobre a ibogaína e a possibilidade de sua utilização para fins terapêuticos nos diversos tipos de dependências químicas, entre as quais as de tabaco, álcool, cocaína, morfina e heroína. Foi constatado que, no Brasil, as pesquisas são recentes e realizadas por poucos cientistas. Em outros países, há estudos da aplicação da substância em animais desde 1940.

A pesquisadora Deborah Azevedo considera que a premiação da pesquisa é um estímulo para dar continuidade aos estudos sobre a eficácia da ibogaína em tratamentos e à possibilidade de produção, no Brasil, de medicamentos à base do princípio ativo da substância. A psiquiatra é residente do HUB e tem cinco anos de formada.

“Para mim, a premiação foi surpreendente e mostra o reconhecimento do nosso trabalho de pesquisa”, comemora. Ela ressalta que a dependência química é considerada uma doença cerebral crônica com recidivas, de difícil tratamento e taxas de sucesso ainda bastante pobres.

Maria Célia reforça a consideração afirmando que a dependência química é um problema de saúde pública que vem crescendo na sociedade atual. “Os estudos mostram que a ibogaína age em circuitos neuronais específicos, reduzindo os sintomas de abstinência e o comportamento compulsivo. Mais estudos são necessários para comprovar a eficácia terapêutica desta substância”, explica.

De acordo com as pesquisadoras, o estudo poderá acarretar grandes avanços no tratamento dos diversos tipos de dependência química e, com isso, a utilização em políticas públicas de saúde, melhorando a vida de milhares de pessoas que padecem dessa grave doença.

Foto: Marcelo Jatobá/UnB Agência

Comunicação Social da DRI/Ibict

 

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